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sábado, 5 de abril de 2014

MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE BIQUÍNI

O maior inimigo do IPCC - Painel Intergovernamental Para Mudanças Climáticas, é a soberba

...e a tentação de se tornar "fashion"

A tentação "fashion" e a fogueira das vaidades, também causam efeito estufa


Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro



O objetivo deste longo artigo, é induzir o leitor a sair da zona de conforto das certezas científicas induzidas por consensos politicamente eivados de correção. Mesmo porque não existe certeza na ciência e todo consenso é pura convenção.

Hora, portanto, de desnudarmos o corpo do raciocínio climático, para descobrirmos cicatrizes que transformam a perfeição em humanidade.


Um coletivo produtor de relatórios-biquíni

O IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da ONU) é um organismo que tem se caracterizado por divulgar relatórios em tom solenemente alarmista, lotados de dados, informações e projeções.  

Grande parte dos documentos, inegavelmente, pode ser pertinente. Porém, a soberba indisfarçável dos cientistas responsáveis, o preconceito reativo demonstrado em face às naturais contestações ao teor dos relatórios e as premissas absolutamente ideológicas – claramente contidas no bojo da exposição dos trabalhos, revela vulnerabilidades que fragilizam as conclusões.

As críticas constituem a razão de ser do método científico. Não há ciência onde não há ceticismo e na ciência, a certeza é a morte. Consenso científico é paradoxo... 

No entanto, o painel dos "climáticos" parece tomar a crítica como como heresia... e isso revela toda a fragilidade do que busca ocultar e do que insiste em revelar. 

Em termos chulos, em uma mesa de bar (nas mesas de bar os assuntos costumam ser espancados com maior sinceridade), diria um acadêmico companheiro de copo: “o IPCC veste um biquíni – o que revela é sugestivo, o que esconde é essencial...”.

O IPCC é um organismo científico que analisa e avalia informações científicas, técnicas e sócio-econômicas -  relevantes para a compreensão das alterações climáticas e condução das políticas a serem implementadas. Essas políticas são formuladas a partir da Conferência dos Países-Parte da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas - CQMC. 

O IPCC foi criado em 1988 para fornecer "uma visão científica clara" do estado atual do conhecimento sobre a mudança global do clima e seus potenciais impactos ambientais e sócio-econômicos.

Desde sua fundação, o Painel vem ganhando respeitabilidade e apoio de muitas organizações científicas, mas em especial as engajadas ideologicamente, submetidas ao pensamento da "Nova Ordem Mundial". 

Dentre essas organizações globalistas destacam-se o International Council for Science, que representa 119 organizações científicas nacionais e 30 organizações internacionais, a Royal Meteorological Society do Reino Unido, a Network of African Science Academies (com a participação de academias nacionais de 13 países africanos), a   Statement - Relatório Conjunto das academias científicas de 11 países (Brasil, Canadá, China,França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Rússia, Inglaterra e EUA), a National Oceanic and Atmospheric Administration dos Estados Unidos e a European Geosciences Union. 

Há, nessa "adesão", evidência de um "bloco histórico" visando assegurar um pensamento hegemônico, perigosamente anticientífico.

O número reflete um "efeito de adesão" que contraria o necessário ceticismo, que deveria caracterizar o meio científico. Há um engajamento acrítico, que preocupa pelo volume de cérebros cooptados - todos dispostos a seguir no "titanic" globalista (ou mundialista), em direção ao iceberg da relativização das soberanias. Quase um naufrágio em nome da ciência...

No rol das decisões densamente motivadas, há razões de sobra para que a adesão se justifique. 

Muitas outras importantes sínteses científicas internacionais também aceitaram as conclusões do IPCC, entre elas a Avaliação Ecossistêmica do Milênio da ONU, a série Global "Environment Outlook", do PNUMA, e o Vital Forest Graphics, também do PNUMA, em conjunto com a  FAO e  UNFF. 

As conclusões foram escritas e revisadas por milhares de especialistas, conferindo impressionante "segurança" às afirmações do Painel. 

No entanto, um olhar mais atento, digamos "popperiano" - com uma dose de recomendável ceticismo, irá nos revelar a armadilha silogística que suporta essa unanimidade de certezas: as premissas foram construídas e encadeadas para concluir, não para demonstrar como se chegou á conclusão...


Atlas dos impactos das Mudanças Climáticas no mundo

É preciso destrinchar essa sutileza fatal 

Na Conferência dos Países-Parte, em Paris, o mais forte documento a ser observado é o trabalho divulgado em 2014 - o  5º Relatório de Avaliação sobre as Mudanças Climáticas Globais, que trata dos impactos, vulnerabilidades e adaptação ecossistêmica. 

No entanto, o Relatório, aparentemente denso e detalhado, reduz-se a um modelito ajustado para "vestir" o fenômeno das mudanças climáticas com um "biquíni"  de vicissitudes. 

Explico: o que o relatório revela  é sugestivo (fatos e projeções alarmantes). O que esconde, porém, é essencial - a imperdoável soberba que cegou seus subscritores. 

Triste constatação. A fogueira das vaidades também gera o efeito estufa...

Patente, com efeito, a  pretensão do IPCC, de se tornar algo "fashion", como um modelo de biquíni posando em meio a um cenário de destruição. 

O comportamento do painel é sintomático de uma lamentável e inadmissível falta de humildade - em especial ao não reconhecer as limitações da vida terrena ante fatos de magnitude cósmica, que transcendem o globo terrestre. Ignorar ocorrências provindas da própria natureza da terra, geológicas, geomórficas, sobre as quais o ser humano não tem domínio.


Cenário efetivo e projetado do aquecimento global em 200 anos


Orgulho e Preconceito

O relatório do IPCC desencadeia silogismos a partir de uma premissa presunçosa e contraditória - que  redireciona fatos, projeções e medidas para uma conclusão parcial e discriminatória.

A questão exige atenta análise. 

A premissa do IPCC foi desenvolvida na primeira parte do relatório  (Grupo 1), que tratava da ciência do clima.  Trata-se de "conclusão baseada em demonstrações factuais", que o aquecimento global hoje experimentado "é  fato sem precedentes na história do planeta", e que  "as emissões de gases de efeito estufa (GEE), ocasionadas por ação humana, são a causa do fenômeno".


A segunda parte, posteriormente apresentada (Grupo 2),  atesta que as alterações do clima  "já estão provocando impactos significativos no ambiente, como  o aumento do nível do mar, acidez dos oceanos, redução da extensão e espessura do gelo nos polos".


Tais alterações, segundo o relatório, se refletem no ambiente humano, causando perdas econômicas de magnitude, redução da produtividade agrícola e danos à infraestrutura,  ocasionados por extremos de chuva e seca.

Para o relatório, os efeitos  na biota como um todo são significativos, causando aceleração da extinção e deslocamento geográfico de espécies.

O IPCC alerta que esses impactos irão se agravar e aumentar nas próximas décadas, "caso não tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões de GEE".

Vamos nos deter aqui. 

A verdade é que essa premissa pretensiosa leva à uma conclusão quixotesca: que o ser humano pode deter, refrear ou mitigar, de forma efetiva, o processo de alterações climáticas que afeta o planeta -  em ancestral, transcendente e larguíssima escala. 


Não por outro motivo, sugere o Relatório a adoção de adoção de matrizes energéticas que dispensem combustíveis fósseis e comportamentos econômicos "mais restritivos". 

Um bom exemplo destas "restrições", é a adoção de padrões de licenciamento e autorização condicionados a uma performance "mensurável" e condizente com programas de mitigação das mudanças climáticas, da atividade sob análise.

Ninguém em sã consciência, negará validade à essas medidas. E claro que elas favorecem a melhoria das condições atmosféricas e influem em escala na qualidade das bacias aéreas e biossistemas impactados. 

Porém, há aqui uma enorme confusão entre o macro-clima e o micro-clima. 

Imodesto na sua essência, e contaminado pela vaidade dos componentes do IPCC, o Relatório-Biquíni nos conduz a um objetivo olímpico e, com isso, perde o foco.  O íter adotado, busca uma mudança política de atitudes, mas o que revela é mais grave:  o descuido histórico de não se ter, ainda, priorizado as medidas de infra estrutura, de defesa civil e de reestruturação dos padrões de permissão para a agricultura produzir alimentos. De não se ter cuidado, até agora de se expandir e variar as fontes de energia, de fortalecer as linhas de abastecimento, tudo visando proteger preventivamente e garantir a segurança das populações, para os tempos difíceis que virão - em função da multiplicação de eventos extremos - seja por alterações climáticas inevitáveis, seja por alterações geológicas inevitáveis.

Não que tudo isso não esteja ali, no relatório. De certa forma, está. Mas o quixotismo ali expresso, conduz a caminho diverso.

A questão é que no bojo do jactancioso trabalho, salta aos olhos o esforço mental, inconfessável (misto de vaidade intelectual e ativismo biocêntrico), de conferir ao Homem um protagonismo de proporções tiranossáuricas, como se pudesse nossa espécie traçar uma nova era geológica no planeta.

Nem os estatígrafos concluíram se há ou não um "antropoceno"... quanto mais climatologistas.

Tirante isso, o trabalho apresentado em Yokohama é interessantíssimo. Apresenta um cardápio de processos de análise de riscos, critérios de avaliação estratégicos e métodos de resiliência sistêmica face às adversidades climáticas, muito útil para o planejamento dos governos e grandes corporações econômicas.

Nesse ponto o trabalho é rico e bem nutrido com dados e informações. Na verdade, o grupo científico da ONU praticamente dobrou o número de estudos, análises, artigos e pesquisas, disponibilizados para revisão, em relação ao relatório anterior, visando aumentar o nível de confiança no resultado.

De fato, representa um avanço muito grande da climatologia. 

Alguns entusiastas climáticos, como o professor brasileiro Tasso Azevedo, consideraram o trabalho apresentado "uma peça da mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já produzido e deve ser revista e considerada pelos tomadores de decisão nos setores público e privado,  para que se estabeleçam ações para mitigar as emissões e adaptar as nossas atividades, negócios, infraestrutura e todos aspectos de nossas vidas" (conforme declaração dada ao site Planeta Sustentável).

Sim, é verdade. O relatório-biquíni do IPCC revela um quadro sombrio e inquietante das mudanças climáticas em nosso planeta. 

Porém, esconde, sob os paninhos, um toque de arrogância, de vaidade intelectual, acadêmica, que levou pessoas aparentemente brilhantes a concluir silogisticamente ser todo o processo "fruto de uma ação determinante do ser humano"...


Antropoceno: O Homem e suas (imensas) circunstâncias

Há um cenário de conflito mais amplo em toda essa questão do protagonismo humano na mudança do clima na terra: a busca por "reforçar" o reconhecimento científico de estarmos vivendo, hoje, uma era geológica determinada pelo ser humano, o "antropoceno". (*)

A prestigiosa União Internacional de Ciências Geológicas - IUGS ​​ decidiria, em 2016, se oficialmente iria declarar que o Holoceno acabou e o Antropoceno começou

Mas a possibilidade desse reconhecimento ocorrer deverá ser adiada, tamanha é a dimensão do conflito e da interferência ideológica em um debate científico.

Muitos Estatígrafos (cientistas que estudam as camadas de rocha), entendem não haver clara evidência de uma nova era geológica protagonizada pelos humanos.

Whitney Autin, estatígrafo do Colégio SUNY de Brockport - Austrália, em entrevista ao Smithsonian Magazine, em 2013, sugere ser o Antropoceno "mais cultura pop que ciência" . O Antropoceno "fornece atraente jargão, mas, no aspecto geológico, é preciso que os fatos sejam postos a nú, em rochas e ossos, e que se encaixem no código" , diz o estatígrafo.

É preciso compreender toda essa circunstância de relatórios aparentemente focados em questões diversas. Na verdade, a campanha para nos posicionarmos como protagonistas de um novo período geológico é explícita e divide politicamente a comunidade científica. 

O IPCC, com sua premissa e conclusão no Relatório-Biquíni climático, esconde estar preparando combustível científico para nos endereçar ideologicamente ao glorioso e globalizado período Antropoceno...

Alteração do clima atestada nos últimos milhões de anos, em cada era geológica. Essa relação mostra um comportamento cíclico próprio do planeta,  para muito além do período analisado pela ONU - independente do fator humano...


A questão toda está na contaminação do ambiente científico pelo biocentrismo, que marca o discurso climático radical, e gera paradoxalmente, com a tese do protagonismo humano nas alterações do clima na terra, o mais profundo ANTROPOCENTRISMO.

No espectro dessa posição, está o "governo mundial"...

Os fatos, no entanto, estão toda hora nos mostrando a realidade para além dos relatórios. 

Ao culpar o ser humano por todos os males e alterações sofridas pelo planeta terra, no transcorrer da chamada " revolução industrial", concluem os biocentristas que os humanos são realmente capazes de promover alterações geomórficas tanto quanto a natureza.

Repetimos, aqui, a balada silogística retro-analisada.

Não se pode negar, por exemplo, a morte de meio milhão de pessoas por conta de um tsunami, ocasionado por uma movimentação tectônica da crosta terrestre,  ou o fato da diminuição da temperatura média da terra, em apenas um ano, por conta da erupção de vulcões.

É também científico e necessário atentar para o "ciclo de feedback das cinzas vulcânicas na atmosfera da Terra". Esse ciclo acarreta o resfriamento de áreas inteiras do planeta, alterando inclusive características de estações - provocando mesmo maiores formações de granizo. 

Há um  Índice de Explosividade Vulcânica (VEI) - medida relativa da explosão de erupções vulcânicas, que necessariamente deve ser considerado pelo Painel. E parece ser absolutamente ignorado por ele. 

O VEI é um índice recente, criado pelos cientistas  Chris Newhall, do Serviço Geológico dos Estados Unidos, e Stephen Self, da Universidade do Havaí, em 1982 - segue o nível de magnitude das explosões vulcânicas, até 8. Por meio desse sistema pode-se calcular, por exemplo, um VEI 4 hoje ocorrente na Nova Guiné, bem como de  outras 20 erupções, cujas cinzas, atualmente verificáveis a 50.000 pés, afetam decisivamente a incidência dos raios solares sobre a terra -  provocando sério resfriamento, algo absolutamente fora do controle humano. 

No seu conhecimento ancestral do tempo, os esquimós Inuits apontam para a mudança no corpo do planeta, e observam que as nuvens mudaram. Algo muito mais profundo que a atividade humana.

Devíamos observar os esquimós. A "Revolução Climática",  para além do Painel Intergovernamental, é um "Must Read" - algo para ser lido obrigatoriamente para muito além do protagonismo antrópico. 

Para entender o nosso clima solar, é preciso ainda compreender o chamado Grande Redemoinho Solar, ou ventos solares, cujos efeitos físicos, envolvendo neutrinos e outros elementos cósmicos ainda pouco estudados, influem desde o movimento da crosta terrestre até nos extremos climáticos observados no planeta, provocando escassez de alimentos e alterações econômicas graves.

É preciso acordar da ilusão do protagonismo humano determinante, para constatar a gigantesca interferência eletromagnética e climática ocasionada pelo Sol no nosso planeta - emissões de plasma solar, cuja intensidade pode acarretar alteração tectônica,  o risco de alteração de polo magnético e desvio de eixo de rotação.

Como se sabe, o sol despeja na superfície da terra, em um dia, 17000 vezes a quantidade de energia produzida no globo terrestre, pelo ser humano, em um ano.


O que Somos em Relação ao Cosmos? 

Outra importante ciência, a paleoclimatologia (estudo das variações climáticas ao longo da história da Terra), analisa vestígios naturais que podem ajudar a determinar o clima em épocas passadas. 

Por meio da paleontologia verificamos que as observações meteorológicas instrumentais que servem de base ao IPCC, datam de 100 ou 200 anos - um período muito curto face às alterações sofridas pelo clima terreno ao longo dos tempos, durante milhares ou até milhões de anos.

A história do clima, numa projeção geológica, pode por sua vez ser deduzida por evidências colhidas na composição do gelo, na  estrutura de árvores petrificadas, demais fósseis e rochas sedimentares. 

Pela geologia, verifica-se que nos últimos dois bilhões de anos, o clima na Terra vem se comportado de forma mais ou menos cíclica - com períodos frios, chamados períodos glaciais, e períodos quentes, chamados períodos interglaciais. Estas mudanças na temperatura são causadas por diferentes aspectos, tais como perturbações na órbita da Terra em razão da atividade solar, impactos de meteoros, erupções vulcânicas, macro-alterações nas correntes marítimas e irradiações de plasma solar sobre o planeta.




Ciclo de Milankovich apurou por análises no gelo, uma reação da concentração de CO2, com reflexo na temperatura da terra, em 400.000 anos


De fato, ao longo de 4,5 bilhões de anos, nosso planeta sofreu inúmeros processos de resfriamento e aquecimento extremos. 

Está paleoclimatologicamente comprovado, já terem ocorrido períodos de aquecimento global e eras glaciais ("hothouse" e "icehouse", na linguagem dos paleoclimatologistas). Essa alternancia é um fenômeno corrente na história do planeta.

Segundo a paeloclimatologia, nosso planeta está na situação de geladeira - talvez entrando em transição.

O último episódio de resfriamento ou glaciação, no entanto, foi iniciado no Pleistoceno (1,8 milhão de anos antes da era atual) e teve seu ápice há cerca de 18 000 anos, quando começou o processo de aquecimento global, em progresso nos dias de hoje.

Por óbvio que o aquecimento não segue uma curva contínua. Nesses últimos 18 000 anos ocorreram períodos de aquecimento e resfriamento extremos, causando variações bruscas de temperatura em períodos variáveis, que podiam ser de décadas ou menos, de vários graus Celsius. 

A comprovação destes fatos é fornecida pela análise de testemunhos de sondagens, de centenas de metros, obtidos no Ártico e na Antártida, através da análise da composição isotópica do oxigênio encontrado nas bolhas de ar presas no gelo.

Durante os últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por quatro episódios extremamente quentes ("hothouse episodes"), sem gelo e com níveis elevados dos oceanos, e quatro episódios extremamente frios ("icehouse episodes"), como o que vivemos atualmente, com camadas de gelo, glaciares e níveis de água relativamente baixos nos oceanos.

Pensa-se que esta variação no  mais longo termo se deve a variações no influxo de radiação recebida por conta do deslocamento do nosso sistema solar através da galáxia (sim, nosso sistema, de certa forma, "orbita" em torno do que pode ser um enorme buraco negro que suga nossa galáxia). Assim, os episódios mais frios podem corresponder a encontros com os braços espirais galácticos mais brilhantes, onde a radiação é mais intensa.

A geologia explica que os episódios frios mais frequentes podem ocorrer a cada 34 milhões de anos - mais ou menos. Provavelmente, quando o sistema solar passa através do plano médio da galáxia. 

Os episódios extremamente frios, como os que ocorreram há 700 milhões e 2.3 bilhões de anos atrás (período em que até no equador havia gelo), correspondem a períodos  de impressionante atividade de nascimentos de estrelas na nossa galáxia, excepcionalmente alta, implicando um grande número de explosões de estrelas e uma radiação cósmica muito intensa.

O carbono-14 radioativo e outros átomos raros produzidos na atmosfera pelas partículas cósmicas, fornecem um registro de como as intensidades variaram no passado e, portanto, explicam a alternância entre períodos frios e quentes durante os últimos 12 000 anos.




Eles julgam que a ciência é imutável... e que teses científicas se tornam dogmas.


Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica forte, seguiram-se condições frias, como a mais recente, na Pequena Idade do Gelo, de há 300 anos.

Considerando as escalas de tempo mais longas, encontra-se, portanto, uma explicação crível para as variações de maior amplitude do clima da Terra.

Evidências sobre a variabilidade climática encontram-se por sua vez registradas em rochas e detritos especificamente originados no derretimento de geleiras, encontrados em locais atualmente aquecidos. Análise de sedimentos depositados em geleiras e em oceanos também são evidências fortes.

Essas variações, na quantidade de energia solar, respondem pelas chamadas Eras do Gelo - períodos cíclicos caracterizados por uma queda acentuada na temperatura média do planeta. O período permite a expansão das geleiras até latitudes mais baixas, em intervalos de aproximadamente 40 a 100 mil anos.

Os “Ciclos de Milankovich”, atestam que a composição atmosférica de cada período alterou-se significativamente, com grandes concentrações de gás carbônico. Movimentos tectônicos, que alteram a distribuição espacial dos continentes e dos oceanos, afetaram a circulação atmosférica e a quantidade de calor absorvido pelo planeta.

A paleoclimatologia, como a paleontologia e a geologia, também atribui alterações climáticas a alterações na órbita do sistema Terra-Lua, impacto de meteoros e erupções vulcânicas, causas determinantes das conhecidas eras do gelo.


Fogueira das vaidades também gera efeito estufa...



Não Somos DEUS

Somos apenas imagem e semelhança do divino. 

Com efeito, a premissa do IPCC, bem como parte de suas conclusões, apresenta cunho reducionista. O IPCC limita-se, infelizmente, à tragédia humana e ecológica ocasionada pela poluição ocorrida nos últimos 300 anos - como se fosse esta, sozinha, capaz de produzir, no planeta, mudanças com tamanha intensidade, como as que sentimos.

O planeta é maior que as espécies que nele habitam, as quais, aliás - incluso a humana, hoje, representam menos de 1% das que já habitaram o planeta.

Os DINOSSAUROS produziram, em milhões de anos, mais alterações que os humanos em poucos séculos. Foram varridos pela NATUREZA.

Não somos dinossauros, nem temos o mesmo período de vida sobre a terra. Nossa base religiosa nos obriga a reconhecer que, embora sejamos semelhantes a DEUS, não somos ELE.

No discurso biocentrista, portanto, há mais arrogância que ciência. Essa arrogância retida no biquíni do IPCC, desfigura formas e expressões de um trabalho que poderia ser primoroso.

De todo modo, devemos todos nós, humanos, cumprir com várias das determinações contidas no relatório do IPCC.

O processo de alteração adversa do clima é real e há um componente humano nele (ainda que não determinante, mas, sim, importante). 

Alterações significativas, na forma de planejarmos nossa ocupação territorial e forma de produção, tornam-se imperativas, não por conta das alterações climáticas mas, sobretudo, por conta da saúde humana e da necessidade de uso mais racional dos recursos ambientais, cada vez mais escassos.


Mensagens Válidas e Importantes

O IPCC, no entanto não foi em vão. Pelo contrário, continua válido no que tange à constatação dos fatos e análise dos riscos. Portanto, nesse aspecto, deve ser estudado e considerado.




Matriz de Riscos do IPCC


As principais mensagens do Relatório do Grupo II do IPCC resumem-se à:

1- Constatação dos IMPACTOS JÁ OBSERVADOS, nas ultimas décadas, em razão das mudanças climáticas. As alterações climáticas adversas já causaram impactos nos sistemas naturais e humanos em todos os continentes e em todos os oceanos. Os impactos nos ecossistemas são mais fortes e abrangentes atualmente, já os impactos nos humanos são mais difíceis de isolar de outros fatores.

2- Devemos GERENCIAR RISCOS E CONSTRUIR RESILIÊNCIA, pois a forma mais efetiva de reduzir os riscos é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O próprio IPCC reconhece, a final, que ainda que tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões, teremos riscos importantes de impacto derivados das emissões históricas acumuladas e, portando, é preciso gerenciar estes riscos e aumentar a resiliência dos ambientes e sociedade.

A pedra de toque do relatório - foco central da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - e nisso todos concordamos, é reforçar a RESILIÊNCIA aos riscos climáticos.

Devemos sim nos preparar para o pior, em vários aspectos da vida, no globo terrestre que efetivamente está alterando seu regime de clima, queiramos ou não.

Contudo, devemos ser humildes em relação ao grave fenômeno, que muito tem a ver com o que ainda não compreendemos, não imaginamos e não podemos pretender controlar. 

Portanto, não podemos querer transformar um tratado internacional em "termostato", visando manusear variações climáticas como se fôssemos deuses.

O maior inimigo do Painel Climático intergovernamental da ONU, portanto, é sua própria soberba.



Nota: 


*PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro - "PERÍODO ANTROPOCENO ? SERIAM OS HUMANOS DEUSES OU DINOSSAUROS?", in Blog The Eagle View, visto em 5/abril/2014, in https://www.theeagleview.com.br/2013/02/periodo-antropoceno-seriam-os-humanos.html 


Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado, sócio-diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Consultor ambiental, com consultorias prestadas ao Banco Mundial, IFC, PNUD e UNICRI, Caixa Econômica Federal, Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, DNIT, Governos Estaduais e municípios. É integrante do Green Economy Task Force da Câmara de  Comércio   Internacional,   membro   do    Grupo    Técnico     de Sustentabilidade e Gestão de Resíduos Sólidos da CNC e  membro das Comissões de Direito Ambiental do IAB e de Infraestrutura da OAB/SP. Jornalista, é Editor-Chefe da mídia Portal Ambiente Legal, Editor Responsável pela Revista Eletrônica DAZIBAO e editor do Blog The Eagle View.


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